A Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) colocará em consulta pública, a partir de quarta-feira (15)
duas resoluções para tentar diminuir o número de cesarianas na rede privada,
especialmente entre os planos de saúde, que chega a 84,6% dos partos, em dados
de 2012. Uma das medidas permitirá que as mulheres, grávidas ou planejando
engravidar, recebam dos planos as estatísticas de cada médico obstetra, com o
número de partos normais e de cesáreas realizadas. Também passará a ser
obrigatório o preenchimento do partograma, um documento em que são colocadas
hora a hora as informações sobre o avanço do trabalho de parto. "Sabemos,
inclusive por casos próximos, da dificuldade que muitas mulheres têm de encontrar
profissionais que façam o parto normal. Essas medidas pretendem dar mais
informações às mulheres" , afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro. As
informações serviriam para que as mulheres pudessem optar por um médico mais
inclinado a atender o pedido pelo parto normal. Já o partograma - que já existe
hoje, mas passaria a ser um dos documentos de entrega obrigatória à paciente no
momento do pagamento - permitirá uma fiscalização sobre médicos e hospitais que
realizam demasiadamente os partos cesáreos.
De acordo com Chioro, será
possível, através do documento, verificar se um médico realizou uma cesariana
desnecessária, apesar de não haver consequências imediatas para o profissional.
O próprio ministro reconhece que, para que algo aconteça, é preciso que uma mãe
insatisfeita faça uma denúncia em um dos conselhos regionais de medicina.
"Estamos colocando mais uma estratégia para tentar induzir que pelo menos
a mulher entre em trabalho de parto", explicou o ministro. Uma terceira
resolução é a adoção, pelas operadoras, de uma caderneta da gestante, nos
mesmos moldes da usada hoje no Sistema Único de Saúde. Nela, os médicos terão
de colocar todas as informações do pré-natal. Ao mesmo tempo, será incluída uma
carta com todas as informações sobre os riscos de parto cirúrgico, como o
aumento em 125 vezes do risco de parto prematuro. "É uma estatística feia,
mas o Brasil é hoje o campeão mundial dos partos cesariana", afirmou o
representante da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), Joaquim Molina. Em
média, 55,6% dos 2,9 milhões de partos realizados anualmente no País são
cirúrgicos, mas essa média só baixa porque no SUS eles representam 40%. Um
número ainda considerado alto pelo ministério, mas muito inferior ao índice de
84,6% dos realizados por planos de saúde. De acordo com uma pesquisa da
Fundação Oswaldo Cruz, apenas 5% dos partos no Brasil não têm qualquer tipo de
intervenção, como anestesia, medicamentos ou cortes. Informações Bahia notícias.